Esta semana estou sozinha em casa, pois o Marcelo foi para um congresso de doutorandos na Bélgica. Sozinha aqui no meu infinito particular estava enviando good vibrations a ele, pois hoje é o dia que ele apresenta o seu projeto lá. Pensei em italiano: Buona Fortuna, mas depois pensei:
Não!
A Fortuna é uma deusa muito ambígua. A deusa romana não era considerada uma deusa justa e quando alguém desejava invocar justiça e perseverança, não invocava à Fortuna, mas à própria diligência e operosidade.
A Fortuna é inconstante como a Lua, como diria já a introdução de "Ó Fortuna" de Carmina Burana:
"O Fortuna,
velut Luna
semper crescis
aut decrescis
rota tu volubilis "
"Ó Fortuna
assim como a Lua
tu és mutável
sempre cresce ou decresce
tu, roda que gira!"
Na Roma antiga, de fato, essa deusa era cultuada a fim que nada de ruim acontecesse, já que ela era considerada fonte de bem-estar, mas também de inumeráveis e intermináveis desgraças. Os grecos a chamavam de Tyche, ou seja, "aquilo que acontece". Os gregos consideravam que a Fortuna fosse uma das inumeráveis filhas de Tétis e de Oceano, ou uma filha de Zeus, sempre disposta a seguir os movimentos imprevisíveis de uma bola, como a fortuna dos homens. Lembrei do Harry Potter buscando a bolinha de ouro no jogo de Quidditch. O time que consegue pegá-la vence o jogo, praticamente.
Ao olhar para essa representação da Roda da Fortuna se percebe que, enquanto uns sobem e outros estão no topo, o restante ou cai ou está caído já.