Di Cavalcanti - Baile Popular
O Baile está completando 5 anos nesta semana. Tá ficando grandinho, né? O Baile nasceu em terras italianas, de uma inspiração rosiana. Nasceu deste post aqui:
Você já parou para pensar na hipótese de sermos viajantes dançarinos a bordo da nave-mãe Terra? A imagem do “dansador” - palavra criada por Guimarães Rosa referindo-se aos seus personagens do “Corpo de Baile” - me inspirou a dar o nome a esse blog: Baile no Céu. Não sei se era exatamente assim que Rosa via a nós mesmos, os planetas e a organização cósmica. Há fortes indícios que sim, mas há outros que não. No fim das contas, Rosa nunca entregava assim tão facilmente a conclusão daquilo que dizia e escrevia, deixando boa parte à mercê do mistério e das muitas interpretações e ambiguidades que a literatura comporta tão bem. Em todo caso, é uma imagem belíssima: nós e os planetas “dansando” em torno de nós mesmos, ou em torno do outro, que pode ser outro planeta ou outra galáxia. Isso tudo remete à idéia de algo meio bêbado, errante mesmo, de acordo com a própria origem latina da palavra 'planeta', que quer dizer “errante ou vagabundo”. Agora digamos que você tenha adotado a idéia e queira saber “mas que baile é esse, afinal de contas?”. Voltemos ao Rosa e aos seus personagens. Em Corpo de Baile, no conto “O recado do morro”, os personagens rosianos descrevem um movimento cíclico de ida e volta em torno dos planetas e de si mesmo. Quando o movimento acaba, o personagem morre ou, se preferirmos, fica encantado e retorna para o lar, “medindo o céu e retornando à sua estrela”... O Baile é o próprio movimento! O movimento do “mesmo e do outro em torno de si mesmo e do outro”, segundo as palavras de outro ilustríssimo chamado Platão, ao referir-se à organização cósmica. Eu arrisco a dizer que é um movimento em busca do si mesmo e do outro. Tudo muito belo, né? Eu acho pelo menos... no entanto, nem sempre é fácil seguir o Baile. Imagine entrar numa valsa sem ao menos ter aprendido um só passo. Ou então, através do movimento do outro, rememorar a presença de alguns calos já esquecidos. Algumas vezes, a queda é inevitável e noutras a música parou, ou pior... toca sempre a mesma (Céus!!!). Porém, felizmente, existem ocasiões em que deslizamos na pista ao som de um ritmo inebriante e até conseguimos apoiar nosso corpo nas mãos de um outro “dansador”, ou mesmo recebermos um para dar sustento. E a despeito de tudo, o movimento segue, sempre. Tentar entendê-lo pode nos ajudar a “dansar” melhor. Ou então, inspirados na figura de um “errante navegante”, podemos deixar que o entendimento é que nos encontre assim “ao acaso”, bem ao gosto de um personagem rosiano que através da arte compreendeu algo de si e “saltou para a sua estrela”. E, então, curtiu? Vamos bailar?
Tanti auguri, Baile no Céu!
4 commenti:
Parabéns amiga! Esse baile sinfonia do Cosmo que tanto nos ensina e que você traduz com tanta sensibilidade.
Bjs!
Parabéns!Que o baile continue.....
Bj. Chris
Parabéns, querida Dani! Você é a alma do Baile. Vida longa! Tanti auguri!
Obrigada! :-) O Baile agradece.
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