Fomos visitar uma das muitas mostras da Triennale di Milano: Valentina, la forma del tempo. Uma homenagem a um dos mais famosos cartunistas italianos, Guido Crepax, falecido em 2003.
Na mostra, vemos Valentina Rosselli, sua personagem mais famosa: uma bellissima e sensual fotógrafa milanese, inspirada na atriz do cinema mudo Louise Brooks. Valentina é uma personagem que conquistou as décadas de 60, 70, 80 e 90. Mulher independente, casada e com filho e, ao mesmo tempo, portadora de uma série de fantasias eróticas, muitas delas de submissão.
Valentina embarca nas mais variadas viagens oníricas, ricas de simbologia surrealista, instrospecção psicológica que deságuam sempre num mundo de Eros. A personagem apareceu pela primeira vez em 1965, na Revista Linus. A princípio era destinada a um papel secundário, mas o público a amou desde sempre. Ela tem inclusive uma carteira de identidade. Valentina, segundo seu criador, nasceu no dia 25 de dezembro de 1942, em Milão.
Fiz o mapa do dia do "nascimento"de Valentina e eis que a bela tem Sol, Vênus e Mercurio em Capricórnio. Capricórnio é o signo regido por Saturno, o deus do tempo do relógio, que marca com a sua batida o passar dos anos. Tá explicado, então, pois Valentina vai envelhecendo ao longo do tempo nas suas histórias. Além do que, a moça tem uma carreira: é fotógrafa. É uma mulher séria, portanto. Capricórnio rege a casa 10, a casa da carreira e da vocação.
De fato, Valentina surge numa época em que as mulheres estavam justamente lutando por um lugar ao sol. A personagem trabalha e tem ainda uma família. Ela tem Júpiter em Câncer e deve conciliar suas obrigações de fotógrafa, sua carreira, com o papel de mãe. A lhe acordar ( e a nos acordar) de seus sonhos e fantasias, em muitas histórias, é o choro do filho Mathias.
É interessante também o fato de que o nome da mostra faça menção ao tempo, tema indiscusso de Capricórnio.
Mas o appariscente mundo subterrâneo da bela, se explica mesmo, ao meu ver, porque ela tem a Lua no criativo e caloroso signo de Leão e, possivelmente, essa Lua está conjunta a Plutão ( não tenho o horário de nascimento). Acredito na conjunção, pois ela explicaria a densidade emocional de Valentina. Através dos quadrinhos, da arte de Crepax, entramos em contato com os problemas reais da personagem: a anorexia, os pesadelos e delírios, os sonhos e alucinações. Tudo isso, num corpo de felina que se mostra sem muitos tabus e com muita arte e luxo, claro.
A mostra é linda. Tem as histórias de Valentina ocupando gigantescas paredes, se vê as inúmeras influências artísticas de Crepax e ainda se faz o percurso ao som de Chet Backer: My funny Valentine.
Outra coisa bem legal da obra de Crepax é reconhecer Milão, suas ruas, paradas de metrô, cenários e praças.
Quem quiser dar uma espiadinha no universo de Valentina, clique aqui.
Fotos? só da entrada da exposição, purtroppo:
Non ho altro da dire!