Acordei com o moço aqui de casa dizendo que havia posto a louça na máquina e arrumado a sala. Ele disse também que me amava e me deu um beijo. Não me parabenizou pelo Dia Internacional das Mulheres. Eu cheguei a pensar em lembra-lo do fato, mas calei. Porque bom mesmo seria não ter que "festejar" o dia, né? Seria um luxo se muitas coisas não precisassem ser ditas, se elas acontecessem naturalmente. Ficou muito claro pra mim que hoje, na verdade, é um dia de luta. Ou melhor, é um dia símbolo da luta de todos os dias. Porque mesmo nas melhores condições de temperatura e pressão, o machismo existe e persiste. O tomamos no café da manhã. Meu filho acordou e nós saímos os dois para ir numa assembleia de pais estudar um modo de lutar para que a creche da UFRGS não seja extinguida nos próximos anos. Porque todas as profissões símbolo do cuidar são, na sua maioria, desempenhadas por mulheres e são também pouco valorizadas. A educação infantil não escapa disso. A luta começa no modo de nascer, de crescer e segue por todas as esferas das nossas vidas. Encontrei na assembleia uma amiga, mãe de uma amiga e colega do meu filho. De lá então saímos juntas. Batemos na casa de outra amiga, chegamos assim meio que de surpresa. Ah, como são gostosos os dias incomuns!!! Café, risos e a pauta do dia. Depois dei almoço pro meu filho e o deixei na creche. Seguimos então para uma feira orgânica no Menino Deus. Nós cozinhamos e cuidamos dos nossos filhos, de nós mesmas, das nossas famílias. Mas a gente não quer só (fazer) comida. A gente quer alimento pra alma. a gente quer igualdade. Nós duas não trabalhamos no dia de hoje. Assistimos um debate sobre o tema “Dia Internacional das Mulheres” numa mesa composta somente por mulheres na Faculdade de Educação da UFRGS. Ouvimos uma professora de filosofia e uma ativista/manifestante política. Precisamos de alimento. Precisamos de debate. Precisamos nos unir. Precisamos educar o nosso olhar para ver as violências diárias que sofrem as mulheres. Precisamos de debate em casa, na rua, com homens e mulheres. Nós duas seguimos a tarde conversando, debatendo, falando das nossas vidas, da nossa luta dentro e fora de casa. Depois, antes de ir para uma reunião de condomínio, ainda debati sobre o tema com o moço aqui e mais seu primo. Discussão boa. Precisamos disso. Precisamos muito sair do somente felicitações e rosinhas. Pode me dar flor, amigo, mas senta aqui comigo e vamos conversar também. A gente não quer só comida. A gente não quer só florzinha.
Eu desejo a mim e a todas as mulheres que nós tenhamos cada vez mais espaços, direitos e voz nas nossas vidas. Desejo isso intensamente. Que a gente questione, que a gente repense papeis, que a gente pressione. Que não tenhamos medo e/ou preguiça de sair da zona de conforto. Será conforto mesmo? Que a gente não se sujeite. Desejo também que todas nós tenhamos a coragem de lutar por isso todos os dias.
quinta-feira, 9 de março de 2017
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