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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Estética do frio

Novara

A temperatura caiu aqui no norte. A chuva também continua a cair junto com as últimas folhas de outono. As árvores estão já peladinhas, tadinhas. Aparentemente, mortas de frio! Lembro que quando aqui cheguei, em pleno inverno, me assustei com a falta de verde. Estava acostumada com o Porto - mais - que - Alegre, que é florido, florlindo. Pois aqui, fica assim cinza, branco e frio até abril. Com exceção, é claro, dos dias de sol. Aí o céu traz o azul. Lindo azul. Mas o frio persiste e o verde quase não existe.

As aulas deste trimestre já estão quase no fim e, em dezembro, começam os exames. Mas até chegar o Natal e as férias de final de ano tem muita estrada, ainda. Ou melhor, linhas. Linhas que costuram o passado para tecer o futuro no cerzir do presente que temos nas mãos.

O bom é que antes das provas se estuda em casa, no quentinho. Todos os lugares são quentes, a dire la verità. Algumas vezes se passa até calor. A rua não. A rua é fria. Mas o frio e a rua têm sua estética e algum calor. Casacos, chapéus, luvas , botas, chás, chocolates quentes e cafeterias lotadas. Nariz gelado, abraço quente. A rua é fria sim, mas se está sempre nela, no vai-e-vem dos trens, pés, carros e bicicletas.

Ah, e tem a fumacinha que sai dos prédios e aquela que sai de dentro da gente. Sinal do espírito? E têm os odores mil de pães, castanhas assadas, de lenha queimando e de café. Tem gente que gosta mais do odor do que do café em si. Eu gosto dos dois! As vitrines de pães ficam mais apetitosas, o cheiro de pizza no forno, também. O vinho quanto mais encorpado, melhor. E, habitualmente, se come até sorvete no frio.

As bicicletas circulam com gente de todas as idades, envoltas em grandes casacos e até os cães desfilam seus modelitos de inverno (!!!) O sal grosso nas estações ferroviárias ajuda a compor a estética branca do frio. O sal é para não escorregar com a neve e a umidade. Lenços brancos de papel também fazem parte do cenário. Muitos lenços e assoadas de nariz. Nem tudo é belo, né? Tem a estética do feio, também. Em compensação, quase não se vê gente passando frio e fome pelas ruas.

Os Alpes ficam mais nevados e mais belos. Os dias mais curtos, porque o sol se cansa logo e vai para a cama cedo. As noites, mais longas. E dentro da gente, fogo de lareira é a melhor pedida para aquecer alma e o coração!

2 commenti:

Unknown on 19 de novembro de 2008 às 23:46 disse...

sabe que essa música do acústicos valvulados me lembra verão. especialmente um, o de 2002. quente e de muitas mudanças. oh, qualquer semelhança não parece ser mera coincidência! te digo isso porque o frio me acalenta, enormemente. sofrer no frio me dá uma sensaçào melhor, de que posso entrar pro casaco quente do mundo interno e lá ficar, protegida. amo o cinza e frio.
no momento aqui (na ponte aérea poa-sm) nao faz o maior dos calores, e isso deixa meu espírito menos apreensivo.
todos os odores e gostos de que falaste me dão uma enorme tranquilidade, em algum lugar do mundo se usam casacos que eu agora não posso vestir...
amiga, mais uma vez o que enxergas me acalenta.
um beijo bem grande e, sente.

Daniela Scheifler on 20 de novembro de 2008 às 07:59 disse...

Bem isso né? o frio de fora nos leva para dentro e os cheiros/odores, memórias.

Como vai ponte área Poa/St Mary?

um beijo bem grande em ti também, amiga linda!

 

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