A velha da casa do alto da serra
Contava ao menino histórias espantosas
A velha dizia que havia na terra
Fadas, feiticeiras e bruxas maldosas
Mas quando o menino cresceu em idade
E trocou a serra pela povoação
E foi para a escola que era na cidade
Aprendeu coisas tal como são.
Passaram-se anos e então... quis voltar
E ao subir a serra ficou admirado
De encontrar a velha a fiar
Tal como nos dias de tempo passado.
Quis explicar-lhe então... nessa mesma hora
Tudo o que aprendera e tudo o que ouvira
Quis dizer à velha que sabia agora
Que em suas histórias tudo era mentira.
- Tanta coisa, tanta coisa que tu me dizias
Histórias tão esquisitas e tão baralhadas
Nãos sei para quê tantas fantasias
Se afinal as coisas estão inventadas!
- Lembras-te da bruxa que tinha a mania
de andar na vassoura de varrer o chão
Voando nos ares de noite e dia?
Se queria voar.....tinha um avião!
E o conto pateta da princesa bela
Que foge do gigante seu amo e senhor
E deixa um cuco a falar por ela
Como se o cuco fosse um gravador.
E aquele rochedo do Ali-Babá
Que abria e fechava com certas falinhas
Mas que disparate! Agora há portas
Que se abrem e fecham sozinhas!
A velha ia ouvindo toda a explicação
Que parecia nunca mais ter um fim
Até que encontrou uma ocasião
De poder falar e falou assim:
- Se os homens fizeram o que pensaram
Sonharam bem antes do realizar
E só conseguiram, foi porque o sonharam
Sonhos que ninguém queria acreditar.
- E os contos de fadas, sempre repetidos
De velhos e novos pelas gerações,
Traziam em si sonhos escondidos
Que os homens guardaram em seus corações!!
Poema Popular Português
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