Hoje o Sol entrou em Peixes e, por isso, resolvi colocar aqui um pedacinho do diário pessoal de Anaïs Nin, uma escritora francesa e, também, pisciana, do dia 21 de fevereiro. Anais tinha o Sol em Peixes, o ascendente em Libra e a Lua em Sagitário conjunta ao inovativo planeta Urano. Foi uma das primeiras mulheres do século XX que se aventurou a escrever literatura erótica. Era uma figura controversa, cosmopolita e elegante. Anais escrevia com romantismo e senso estético.
Aproveitem!
(Dezembro, 1941)
George Barker estava em uma penúria terrível. Quis escrever mais histórias lascivas. Escreveu oitenta e cinco laudas. O colecionador as julgou por demais surrealistas. Eu as adorei. Suas cenas de amor eram desordenadas e fantásticas. Amor entre trapézios.
Ele bebeu seu primeiro lucro e eu não pude emprestar-lhe mais que papel e carbono. George Barker, o excelente poeta inglês, escrevia sobre erotismo para beber, tal como Utrillo pintara por uma garrafa de vinho. Comecei a pensar a respeito do velho que odiávamos. Decidi escrever-lhe diretamente, falar-lhe a respeito de nossos sentimentos.
“Caro Colecionador, nós odiamos você. O sexo perde todo o seu poder e sua magia quando se torna explícito, mecânico, exagerado, quando se torna uma obsessão mecanizada. Fica enfadonho. Você nos ensinou mais do que qualquer outra pessoa que eu conheça como é errado não misturar sexo com emoção, fome, desejo, luxúria, caprichos, laços pessoais, relações mais profundas que modificam sua cor, seu gosto, seu ritmo e sua intensidade.
Você não sabe o que está perdendo com seu exame microscópico da atividade sexual a ponto de excluir aspectos que são o combustível que lhe ateiam fogo. Intelectual, imaginativo, romântico, emocional.
É isso que dá ao sexo sua tessitura surpreendente, suas transformações sutis, seus elementos afrodisíacos. Você está reduzindo seu mundo de sensações, matando-o de fome, drenando seu sangue.
Se você alimentar sua vida sexual com todas as excitações e aventuras que o amor injeta na sensualidade, será o homem mais potente do mundo. A fonte da potência sexual é a curiosidade, a paixão. Mas você está vendo sua pequena chama morrer asfixiada. O sexo não viceja na monotonia. Sem sentimento, invenções ou surpresas na cama. O sexo deve ser misturado com lágrimas, risos, palavras, promessas, cenas, ciúme, inveja, todos os condimentos do medo, da viagem ao estrangeiro, novos rostos, romances, histórias, sonhos, fantasias, música, dança, ópio, vinho.
Quanto você perde por usar esse periscópio em tão pequena parte de uma coisa tão grande, quando poderia desfrutar um harém de maravilhas diferentes e jamais repetidas? Não há um fio de cabelo igual ao outro, mas você nunca permitirá que desperdicemos palavras com a descrição de um cabelo; não há dois odores iguais, mas se nos expandirmos sobre isso você gritará para que cortemos a poesia. Não existem duas peles com a mesma textura, e nunca o mesmo tom, temperatura, sombras, jamais o mesmo gesto; pois o amante, quando incendiado pelo verdadeiro amor, é capaz de percorrer a escala da sabedoria de muitos
séculos. Quanta coisa, quantas variações de idade, de maturidade e inocência, de perversidade e arte...
Sentamo-nos juntos por horas e imaginamos como será você. Caso tenha fechado seus sentidos para a luz, a cor, o caráter, o temperamento, deve estar agora completamente paralisado. Há muitos sentidos menores, todos tributários do sexo, afluentes que o alimentam. Apenas o ritmo simultâneo do sexo e do amor pode criar o êxtase."
O filme Henry & June foi baseado nos diários de Anais e conta a história da amizade íntima da escritora com Henry Miller e com sua esposa June.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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1 commenti:
mais uma coisa que me faz assustadoramente ver-me nela. Que coisa!
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