Sob um Sol taurino e com uma Lua
se encaminhando à cheia, o isolamento físico fica mais difícil, né não? Estamos
num corpo e o corpo não é e nunca foi pouca coisa. Não é objeto. Sempre foi
sujeito, mas sempre tentaram assujeitá-lo, é bem verdade. O corpo é guia. Ouvir e sentir o corpo é
preciso, mas as medidas são outras. Outras linguagens. Dar o alimento que se
pode dar neste momento é fundamental. Matar a sede. A gente não quer só comida.
Vejo muitos a cavoucar a vida em meio à terra devastada. Uma terra cheia de
zumbis. Olhar a estrela em meio aos males do mundo, eu quero. Minhas estrelas
tão brilhantes e tão sem luz para muitos. O vírus está aí há muito tempo, um
chip mortífero que produz um efeito de manada triturada caindo no abismo de carrinhos
lotados e embalagens sem serventia. A lágrima desmancha a placa de ferro que
nos colocam todos os dias no coração. Então eu choro para em seguida voltar a sonhar
com abraços, com a música que sai da garganta e da batida da mão no tambor. Com
o riso que acende o Sol. Todos os dias essa trabalheira, construindo estradas
longe do moedor. Colocando girassóis nos carros de boi.
Imagem: Antonio Poteiro
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