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quinta-feira, 4 de março de 2010

A perigosa Yara

Para a Lua em Escorpião do dia:

Ao cair de todas as tardes, a Yara, que mora no fundo das águas, surge de dentro delas, magnífica. Com flores aquáticas enfeita então os cabelos negros e brinca com os peixinhos de escapole-escapole. Mas no mês de maio ela aparece ao pôr-do-sol para arranjar noivo.
As mães se preocupam com seus filhos varões, sabedoras de que a Yara quer noivos. Mas para os filhos, Yara é a tentação da aventura, pois há rapazes que gostam de perigo.
À medida que a Yara canta, mais inquietos e atraídos ficam os moços, que, no entanto, não ousam se arriscar.
Sim, mas houve um dia um Tapuia sonhador e arrojado. Pensativamente estava pescando e esqueceu-se de que o dia estava acabando e que as águas já se amansavam. Foi quando pensou: acho que estou tendo uma ilusão. Porque a morena Yara, de olhos pretos e faiscantes, erguera-se das águas. O Tapuia teve o medo que todo o mundo tem das sereias arriscadas — largou a canoa e correu a abrigar-se na taba. Mas de que adiantava fugir, se o feitiço da Flor das Águas já o enovelara todo? Lembrava-se do fascínio de seu cantarolar e sofria de saudade. A mãe do Tapuia adivinhara o que acontecia com o filho: examinava-o e via nos seus olhos a marca da fingida sereia.
Enquanto isso, Yara, confiante no seu encanto, esperava que o índio tivesse coragem de casar-se com ela. Pois — ainda nesse mês de florido e perfumado maio — o índio fugiu da taba e de seu povo, entrou de canoa no rio. E ficou esperando de coração trêmulo.
Então — então a Yara veio vindo devagar, devagar, abriu os lábios úmidos e cantou suave a sua vitória, pois já sabia que arrastaria o Tapuia para o fundo do rio.
Os dois mergulharam e advinha-se que houve festa no profundo das águas.
As águas estavam de superfície tranqüila como se nada tivesse acontecido. De tardinha, aparecia a morena das águas a se enfeitar com rosas e jasmins.
Porque um só noivo, ao que parece, não lhe bastava.
Esta história não admite brincadeiras. Que se cuidem certos homens.

Clarice Lispector

2 commenti:

Anônimo disse...

Hola Daniela, que tal?

Quero parabenizá-los pels defesa da tese. A minha foi há exatos cinco anos (3 de março de 2005). Ele se sentirá como se um filho tivesse saído de casa, um misto de aívio e solidão...Nos dias posteriores, sentirá falta de algo que não sabe explicar bem o que é, até mesmo do stress que sentia...Com o tempo, o filho retorna e ele o olha com a distância necessária de quem já não está tão apegado...e ai se tornam amigos, abrindo espaço para novas produções.

Besos de Madrid.
Augusto

Daniela Scheifler on 4 de março de 2010 às 19:08 disse...

Oi, Augusto!

Td bem, querido, e voce? é o nascimento de um filho mesmo né? Qdo ele entregou, em janeiro, sentiu isso td mesmo, alivio e solidao, falta do ritmo de trabalho com o qual havia jà se acostumado. Hoje ele apresentou o filho ao mundo...vamos ver o que virà com o tempo.

obrigada e beijos pra vc!

 

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