Indico uma excelente leitura para esse feriado de um dos muitos monstros da Literatura Brasileira, talvez o maior, talvez. Machado de Assis, o Machadinho.
O livro é Esaú e Jacó.
A história nos e contada pelo Conselheiro Aires, o qual relata a rivalidade entre os irmãos gêmeos, Pedro e Paulo. O primeiro defensor da monarquia e o segundo da República.
Segue um trecho do livro:
Naquele ano, uma noite de agosto, como estivessem algumas pessoas na casa de Botafogo, sucedeu que uma delas, não sei se homem ou mulher, perguntou aos dous irmãos que idade tinham.
Paulo respondeu:
-- Nasci no aniversário do dia em que Pedro I caiu do trono.
E Pedro:
-- Nasci no aniversário do dia em que Sua Majestade subiu ao trono.
As respostas foram simultâneas, não sucessivas, tanto que a pessoa pediu-lhes que falasse cada um por sua vez. A mãe explicou:
-- Nasceram no dia 7 de abril de 1870.
Pedro repetiu vagarosamente:
-- Nasci no dia em que Sua Majestade subiu ao trono.
E Paulo, em seguida:
-- Nasci no dia em que Pedro caiu do trono.
Natividade repreendeu a Paulo a sua resposta subversiva. Paulo explicou-se, Pedro contestou a explicação e deu outra, e a sala viraria clube, se a mãe não os acomodasse por esta maneira:
-- Isto hão de ser grupos de colégio; vocês não estão em idade de falar em política. Quando tiverem barbas.
A saber:
No dia 7 de Abril de 1831 D. Pedro, 1.º Imperador do Brasil, abdica do Império a favor do seu filho Pedro, que sobe ao trono com o nome de Pedro II, para defender o trono da sua filha Maria, rainha de Portugal.
No ano em que nasce Machado, embora a independência tenha sido proclamada por D. Pedro I há 17 anos vivia-se sob uma atmosfera do tempo colonial. Não houvera ainda uma independência nos costumes e muito menos uma autonomia intelectual. Não se possuía uma literatura que refletisse o ambiente brasileiro.
Foi Joaquim Manoel de Machado de Assis a elevar a literatura Brasileira ao patamar em que é conhecida hoje. Num diálogo entre o local e o universal, Machado discutiu as questões de sua época e vale dizer que muitas delas se mostram atuais até hoje.
Machadinho tinha o dom da conversação e esse dom era uma arte recente numa sociedade que saía do isolamento e do silêncio das grandes casas senhoriais.
No mapa natal de Machado o Mercúrio está Gêmeos, ou seja o Deus em Hermes em casa, o dom da conversação. Marte em Virgem que o ajudava a limar a palavra, trabalhar a narrativa buscando a perfeição. Saturno em Sagitário, o mestre que com humor sarcástico e riso seco apontava a situação moral, filosófica e política do Brasil.
Machadinho era, foi e continua sendo grande! Se você é brasileiro, ou sabe ler em português, não deixe de ler, ao menos uma vez na vida , um conto desse monstro da Literatura Brasileira.
Quem sabe assim, eu digo quem sabe, se a a gente valorizar e conhecer aquilo que foi feito de bom, aquilo que se faz de bom, aquilo que fala de nós, na sua dureza e beleza, quem sabe a coisa muda de rumo e começamos a ouvir outras músicas que não só a aquela velha gasta e conhecida. Se a gente buscar se conhecer através da nossa cultura, talvez assim o Brasil possa ter um representante digno da Literatura Brasileira no exterior e muitas outras coisas mais, dignas dessa bela e gigantesca terra.
Sim, porque por aqui o único escritor que se houve falar é do Paulo Coelho e, francamente, nada contra ele. Se tem uma coisa que o cara soube fazer foi ganhar dinheiro e isso é um mérito, sem dúvida. O fato é que a literatura do Brasileira é tão maior do que isso, assim como o Brasil é maior do que a Itália.
E quem sabe assim, nos conhecendo a gente possa crescer e plasmar uma nação á altura dos seus grandes filhos, inspirados nos seus exemplos. São tantos quanto as estrelas que se podem ver no céu numa noite sem luar.obs 1: Neste site se encontra o livro supracitado e no oráculo de Delfos moderno, o Sr Google, é possível encontrar toda a obra do Machadinho, inclusive os contos que são mais curtinhos e consequentemente mais rápidos de ler.
obs 2: Diz aí o quê ou quem você proclamaria de grande!
Proclamemos o Brasil!
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